05⠀⠀STORYTELLING COM DADOS
Esses dias acabei tendo uma conversa longa com um amigo meu, Vitor Hugo, sobre o que descobri se chamar "Storytelling com dados", título do livro da autora Cole Nussbaumer Knaflic.
Nós ajudamos pessoas e organizações a criar gráficos que fazem sentido e os leva à ação por meio de em histórias atraentes e inspiradoras.
– Storytelling with data; Site oficial. Tradução livre.
Essa conversa se deu, especificamente, porque ele está estudante sobre data science e viu esse livro onde Cole Knaflic, cientista de dados, ensina o jeito certo de dispor as informações em um gráfico.
No entanto, crítico como é, Vitor veio me pedir uma visão mais apurada sobre os infográficos representados no livro pelo viés do designer, e essa conversa não poderia ter sido melhor! Trocamos diversos áudios longos sobre as implicações de cada visualidade e sobre os preceitos envolvidos nas imagens do livro, como por exemplo esse gráfico a seguir.
Nos exemplos acima, segundo a autora, o gráfico que melhor comunica a mensagem é aquele disposto na "Figura 0.5", tendo em vista que o outro gráfico já está errado, de cara, porque é do tipo "pizza", categoria essa que a autora praticamente proíbe de ser usada. No entanto, o meu amigo Vitor disse que, para ele, o gráfico de pizza é muito mais inteligível e ele não entendeu o motivo para destacar algumas barras azuis no gráfico 0.5.
Depois dessa fala dele, pude perceber que a barra cinza da categoria "bem" na figura 0.5 também estava com destaque. O cinza aplicado nela é levemente mais escuro do que o cinza das outras colunas. Falei pra ele que isso era um problema visual que expandia o erro de leitura do gráfico até o ponto dele ficar difícil de ser compreendido. Por conta disso, tentando entender esse bendito, Vitor conseguiu achar o gráfico da língua nativa do livro, em inglês.
Perceba como esse gráfico da figura acima resolve as questões visuais apresentadas na sua versão em português. Aqui, a barra do meio apresenta um destaque muito mais nítido e é intitulada de "OK" ao invés de "Bem", o que demonstra também um erro de tradução: no português, bem tem uma conotação positiva, enquanto "ok" é mais neutro. Podemos perceber, também, que no gráfico original, em inglês, a autora aplicou transparência nos números das barras sem destaque, o que evidencia as três barras destacadas e confirma a informação desejada.
– Tá, tudo bem! Mas o quê isso tem a ver com o que nós temos conversado nesse blog até hoje?
Você deve estar se perguntando isso, e eu te respondo: muito! Visualização de dados (ou data-vys, do inglês) reúne conhecimentos que perpassam por vários preceitos de design, afinal é um projeto visual (check!) que apresenta conceitos e informação (check!) para seres-humanos darem utilidade àquilo (check!). Cada um desses "checks" é um pilar dos conceitos basais do design e da sua atuação na humanidade, afinal, apenas ao entendermos as idiossincrasias da nossa espécie e como nós vemos o mundo que iremos conseguir realizar uma boa visualização de dados.
Isso não é diferente no storytelling com dados! Cole Knaflic diz que as informações de um infográfico podem sim serem omitidas, caso isso ajude a explicitar um conceito. Esse foi, inclusive, o grande achado da minha conversa com o Vitor Hugo: não existe neutralidade da informação. Logo, podemos sim fazer um uso consciente e crítico da visualização de dados, utilizando-a para corroborar com um ponto-de-vista. Basta deixar isso explícito (sem enganar ou manipular o leitor) para que tenhamos dados apresentados em uma narrativa justa e inteligível.
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